quarta-feira, 30 de junho de 2010

Para os necessitados de ajuda

(antigos também, mas recordar é viver)


"Problema de Justiça e ´Injustiça´", uau.



A biografia do Professor Carlos Magalhães ("O Salvador do Planeta") é fantástica. Mas note: é só o RESUMO da biografia dele. Como se fosse pouca coisa ser bicampeão em Paris e ter sido indicado para o Nobel de Fisiologia. E tudo isso com RELIGIOSIDADE (com G-Sus no coração). Sério, olha a cara dele de novo.


"Passo a noite em fila" é foda.

 
UPDATE: O Professor Carlos não se limitou a salvar a humanidade, também teve vontade de contribuir com a política de sua cidade (seilaqual):




terça-feira, 29 de junho de 2010

Paulo Leminski

eu ontem tive a impressão
que Deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos

quem sou eu para falar com Deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus

Mais quadrinhos ateus




segunda-feira, 28 de junho de 2010

Deus Prefere os Ateus

(antiga, mas muito boa)


(clique na imagem para ampliar)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quarto Capítulo

(Conforme nosso hábito, a quarta-feira é o dia das melhores publicações. Hoje, vejam só, o capítulo novo da novel que dá inveja a Benedito Ruy Barbosa. Escrito pelo blogueiro Paulo Fodra - resisti e não farei o trocadilho -, que indica, como próxima vítima, a Sandra Schamas, que mostra seus escritos aqui.)

Capítulo IV

Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada...

De repente, vi-me a repetir conhecidos gestos. Dobrar roupas, juntar livros e objetos, despir a casa dos sinais de minha presença. Fechei a mala com o estômago a dar cambalhotas de ansiedade, pois cortava o cordão umbilical e seguia ao encontro da liberdade que meu pai tanto celebrava. Pelo menos assim eu pensava, iludido pela sensação de imortalidade que só a adolescência consegue investir ao homem. Não olhei pra trás uma única vez, seguro que estava, mas era possível antever o olhar preocupado de minha mãe – que perdera o controle sobre um de seus trunfos – e o olhar orgulhoso daquele homem que me aceitara como filho e, agora, via-me seguir os seus passos.

São Paulo, de início, me intimidou – gigante cinza frenética que era, comparada à cidade em que eu crescera. Mas logo me dei conta de que, se minha inteligência e dedicação garantiriam-me o prestígio no mundo acadêmico, a gorda pensão paterna – aliada à malícia materna – me daria a chave da cidade. De cara, fui aceito em um círculo de alunos influentes, porém indolentes, e não se passou muito tempo até que eu os influenciasse mais do que eles à mim. Aprendi rápido o valor de um favor devido e, prestativo que era, nunca estive sozinho. Era convidado – por vezes, arrastado – para as festas perdulárias da elite, bem como para farras estudantis de toda espécie. Experimentei dos prazeres mais intensos da vida mas, endurecido pelo senso prático herdado de minha mãe, não me deixei perder. Pelo contrário. Arquitetava sempre novas maneiras de tirar o máximo proveito da situação, resguardado pela minha educação esmerada que impedia-me de ser visto como mau caráter.

Na faculdade, consegui manter-me – com certa facilidade – como primeiro da turma. De início o fazia por orgulho, depois, por necessidade. Eu não era nada feio, posto que herdei os traços angulosos de minha mãe. Poderia ter as mulheres que quisesse. E tive muitas. Mas não me interessavam tanto as moças libertinas da alta roda, fúteis e autoritárias. Tinha apreço mesmo era pelas garotas intelectuais e mais recatadas que me convidavam a participar de grupos de estudo. Amava a dificuldade em seduzí-las e a entrega com que elas finalmente cediam aos meus caprichos. Ademais, apreciava a facilidade em ignorá-las depois que me cansavam, pois estas eram as que mais temiam a má-fama. No segundo ano, principiei a dar aulas particulares para os calouros. E não foi pelo dinheiro. Perdi a conta de quantas inocências deflorei, não raras vezes em seus próprios quartos, com os pais a assitirem televisão despreocupados na sala de estar. Nunca enfrentei qualquer tipo de problema. Eu era jovem, livre e tinha um futuro promissor pela frente. Não poderia estar mais feliz.

Mas o destino, em uma sufocante tarde de abril, colocou à minha espera um voluptuoso par de olhos azuis. Uma caloura chamada Simone.

(Ao Paulo, nossos agradecimentos. À Sandra, boa sorte!)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Eu vou fazer o quê?!

(O tipo de coisa que só tem graça pessoalmente. Faça um esforço pra imaginar.)

Dalton precisava ir embora. O truco estava bom, estava divertido. Mas sua namorada sairia da academia às 22:00 e ele precisava buscá-la. Dalton anunciou que iria. Fusca, na hora, lembrou que precisava comprar um remédio e, como estava sem carro, pediu o de Dalton emprestado – coisa rápida, 10 minutos. Como eram 21:40, Dalton considerou que daria tempo tranquilamente.

Às 22:00, Dalton se mostrava um pouco preocupado com a demora de Fusca. Às 22:06, a namorada de Dalton liga pela primeira vez. “O Fusca foi na farmácia, já volta, já já estou passando aí.”

Às 22:11, a esposa de Fusca liga pra ele, e percebe que seu celular está tocando dentro de casa, ele tinha esquecido de levá-lo.

Às 22:18, Dalton demonstra uma certa apreensão: “vou enfiar a mão na cara do Fusca”.

Às 22:22, a terceira ligação de sua namorada: “vou enfiar a mão na sua cara”.

Às 22:31, Fusca aparece. Estaciona lentamente. Abre a porta lentamente. Olha para todos lentamente. Lentamente, diz “nooossa... a fila tava enooormeee...”

Dalton não cumpre a promessa, apenas empurra Fusca para fora do carro (ele continuava sentado no banco do motorista) e sai.

A esposa de Fusca: “Porra, Fusca, você sabia que o Dalton precisava do carro.”

Fusca: “Eu vou fazer o quê?!”

Esposa: “Você disse dez minutos, levou cinquenta!!”

Fusca: “Eu vou fazer o quê?!”

Esposa: “Ele ficou fodido da cara com você!”

Fusca (variando): “O quê que eu vou fazer?!”

Esposa: “Como você pode ser tão irresponsável?”

Fusca: “Eu vou fazer o quê?!”

Até agora não sei como a discussão terminou. Nem o que Fusca pôde fazer. Mas até hoje a frase é repetida por todos, num falsete cômico, em homenagem a todo e qualquer raciocínio rápido.

(eu avisei que só tinha graça pessoalmente)

 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Terceiro Capítulo

(Que rufem os tambores! Eis que chega a nossa redação mais um capítulo quentíssimo do desafio literário do UPOP. Escrito pela Ana Marques, que nos indicou, para continuar a história, o Paulo Fodra. Delicie-se com mais estes momentos.)

Capítulo III

A Teia da Alma - inteligente, bandida, banida, além...

Todos os dias eu olhava para meu pai e desejava imitá-lo em tudo: queria seus óculos fundos e o raciocínio limpo, os livros nas mãos e a falta respeitável de cabelos. Eu o admirava e nutria por ele um amor que ele só sabia ter por minha mãe. Éramos um círculo de sombras, enquanto minha mãe isolava-se num sol que a nenhum de nós aquecia.

No entanto, por mais que eu seguisse o Pai, a vida havia me feito em instinto da Mãe. Ela sorria e era o meu sorriso. Eu planejava e desejava, e eram os desejos dela. Virava-lhe o rosto e ainda assim via-a em mim. Aceitei-a por falta de opção.

Nesse aceite comecei a aprender as manhas e andanças que pareciam pertencer a ela, mas que eram nossas. Tinha uma voz imponente com que regateava o mundo para si mesma e menos não aceitaria, nem eu. Um dia ouvi calorosa discussão entre ela e meu pai na qual, ao final, ganhamos a casa em que morávamos para o seu nome. Ela não aceitaria ser jogada de um lado para o outro: segurança, segurança e segurança.

Segurança tornou-se meu mantra. Embalado por esse som apliquei-me nos estudos, cogitei professores e lições extras que me tornariam alguém maior do que qualquer dos dois eram: inteligente tal meu pai, capaz como minha mãe. E livre, como nenhum deles era mais há muito.

Os conhecimentos abriram portas que eu desconhecia a existência. Lapidaram as palavras, construíram expressões, dissolveram a mediocridade que ainda havia em meus genes para que eu pudesse compreender o quanto eu poderia ir além da amena cidade na qual eu caminhava.

Eu já era adolescente quando ela resolveu que não eram suficientes as contas pagas e a casa nossa. Ela queria mais. Minha mãe era essencialmente carnívora e tudo que recobria meu pai a ela pertencia. Começou a propor e impor passeios nas tardes movimentadas de Santa Felicidade. Queria exibi-lo, braço dado ao dela, oficialmente pelas ruas. Eu nunca caminhava com eles, detestava aquela tortura dissimulada e o propósito férreo, apenas os observava de longe. A cada vez que eles saiam, meu pai quase molhava a roupa toda tal o suor que lhe brotava de todos lugares e ela sequer se embaraçava. Ela insistiu até que um dia o inevitável aconteceu e todos se encontraram: as famílias. Sem ofensas se olharam e reconheceram o talho incurável nas relações existentes. Num minuto o que era paralelo fundiu-se e explodiu sem que uma ruga se formasse. Separam-se e meus pais voltaram para casa.

Mal entrou em casa, meu pai arrumou todos as roupas e saiu. Provavelmente foi em busca daquele sentimento de 'ser livre' que tinha cantado em minha infância. Minha mãe sorria à porta pronta para retomar a rotina de orações até que ele voltasse. Claro que ele voltaria...

Me senti cansado daquilo. Vê-los lutar um com o outro, cada um a seu modo. Prestei vestibular para direito em São Paulo e aprovado preparei-me para ir embora de vez, o 'além' que eu buscava. Uma vez apenas eu perguntei a ela porque se rendia a tantas orações inúteis. Logo ela que jamais fora à igreja e que zombava de qualquer tentativa de abstinência que as pessoas queriam lhe propor. Ainda posso ouvi-la dizendo, entre risos e trejeitos, "é diversão, querido. Nada além do que preciso para passar o tempo."

O meu tempo ali estava esgotado. Foi a última vez que a vi, mas levei-a na alma em todos pecados que cometi.

(Ana Marques, muito obrigado. Paulo Fodra, boa sorte!)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O poeta magrelo e sua amada deusa

(uma linda história de perseverança e amor)

O poeta magrelo escreveu o primeiro poema inspirado em sua amada deusa: eles estudavam na mesma turma na sexta série. Estudaram todo o fundamental juntos, e o poeta magrelo escrevia quase diariamente poemas para sua amada deusa. A amada deusa nunca dava atenção, e o poeta magrelo sofria muito com isso. Um dia, já no ensino médio, a amada deusa arranjou um namorado, o que fez o poeta magrelo entrar em uma fase lírico-sertaneja péssima. Quando o namoro acabou, o poeta magrelo passou a escrever poemas exaltando a esperança e a perseverança. Durante os sete anos seguintes, eles estiveram sempre próximos um do outro: estagiaram e trabalharam juntos, mas a amada deusa não percebia que o amor do poeta magrelo era verdadeiro. Ela teve inúmeros namorados, mas o poeta se guardava para ela. Com um dos namorados, o Jorjão, que só sabia oito palavras em português e nenhuma em qualquer outro idioma, mas era forte e tinha uma moto gigante, ela casou-se e teve três filhos.

O poeta magrelo morreu virgem, se fodeu.

Moral da história: poetas magrelos só se fodem.

(tá bom, a história nem é tão linda)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Segundo Capítulo

(Eis que temos a honra de publicar o segundo capítulo do romance que está abalando as estruturas da cultura brasileira e dividindo águas na literatura mundial. A contribuição abaixo é da Menina Misteriosa, que escolheu, para continuar a saga de nossos heroicos personagens, a Ana Marques, que publica seus textos aqui e aqui. Deleite-se.)

Capítulo II 

Nas ruínas, sentimentos eram as mercadorias

E assim, eu cresci. Cercado pelo mistério das construções de nosso bairro e da minha procedência. Seguindo o exemplo de meu pai e observando a atitude sécia de minha mãe, aprendi a negociar, manter as aparências e usar minhas virtudes para conseguir o que queria.

Recebíamos poucas visitas. Apenas os amigos da igreja faziam companhia a ela, em tardes indistintas e lânguidas. Ela nunca me ensinou a rezar. Mas a pontualidade da fé sempre me instigou. E cintilava meu dia, já que, durante a presença de estranhos, eu poderia parar de estudar e ainda ganhava alguns trocados, desde que fosse, imediatamente, à venda, gastá-los.

Meu pai era escasso em atributos físicos. Baixinho, franzino. Seus cabelos, bem tratados, brilhavam, mas havia indícios de que não durariam. Óculos fundos. A compensação vinha do sobrenome, da educação, da inteligência e, claro, da confortável situação financeira. Eu admirava seu senso de humor apurado, seu gosto pela leitura. O oposto de minha mãe.

Um dia, questionei-o acerca das viagens, e aprendi sobre algo que ele estava prestes a perder. ‘Um homem precisa se sentir livre’, dizia ele. E ele sempre o foi, até conhecê-la.

Acostumei-me a receber o que eu achava ser amor, como recompensa. Aos domingos, após o almoço, sentava em seu colo e relatava minha semana, estudos, descobertas e, principalmente, as atividades religiosas de minha mãe.

Ele, logo depois, confrontava-a. Eu ainda não entendia, mas a retribuição me confortava.

Ele sempre cedia. Ela, manhosa, conduzia-o com maestria. E ele sabia. Inclusive que, para não perdê-la, sustento e luxo não eram suficientes. Mais presença se fazia necessária. A frequência e a duração de suas viagens diminuíram. Bem como as preces vespertinas; porém, nenhuma das duas cessou.

A ambição de minha mãe gritava, exigindo que se precavesse. Preocupava-se não com meu bem estar e sim com seu próprio. Como o matrimônio estava fora de cogitação – vim a saber que meu pai já era casado – eu era, então, sua única esperança. Ela exigiu que ele me reconhecesse como filho lídimo, caso contrário, o abandonaria. Ele, então, o fez.

Fomos a um cartório de nome imponente, numa rua sem saída, de paralelepípedos. Lembro do cheiro de velho e da minha mãe dizendo que, por ser no dia do meu aniversário, não ganharia presentes. E esse me bastava: meu renascimento. Uma nova origem. A mim, agora, pouco importava a antiga. Eu conseguira um pai, na certidão.

Nesse instante, não só a nossa história – minha e de minha mãe – começou a mudar. A de meu pai, agora legítimo, também.

(À Menina Misteriosa, nosso muito obrigado. À Ana Marques, boa sorte.)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vida de Merda

“Hoje meu namorado terminou comigo porque colei as figurinhas do seu album da copa, disse que agora nao tem mais graça e que estraguei o momento dele. Foram 4 e eram da Ghana. VDM”

“Hoje ao deitar sussurei apaixonadamente no ouvido dela: ”estou sem cuecas", ela responde: "amanhã lavo uma" VDM”

“Hoje depois de duas horas de discussão, desisti de explicar para minha vó que o heterossexualismo ocorre quando se gosta de alguém do sexo oposto. O motivo? Ela leu uma conversa do MSN na qual uma amiga lésbica me chama de "hétero do caralho" e agora acha que sou gay. VDM”

“Hoje marquei um encontro pela net com uma mina que sou a fim. Chegando lá levei 2 socos na boca. O namorado dela quem foi. VDM”

“Hoje passei por um conhecido que andava de skate e se estrebuchou no chão. Dei uma gargalhada estridente e, quando fui começar a zoá-lo, percebi que ele não era um conhecido. VDM”

“Hoje estava no ônibus, quando uma velhinha veio e sentou-se ao meu lado. Ela resolveu dormir no meu ombro, e deixei até o final do percurso. Quando eu fui desencostar dela pra sair, ela caiu no chão. Ela tinha morrido. VDM”

Estes relatos, e outros ainda piores, estão no site Vida de Merda, num sistema parecido com o twitter, ou seja, frases curtas, mas com a colaboração dos usuários, que podem opinar sobre cada uma das historinhas. Vale o clique.



quarta-feira, 2 de junho de 2010

Primeiro Capítulo

(Continuando o jogo literário proposto no post anterior, tenho a honra de publicar o primeiro capítulo de nosso best seller ainda sem nome, escrito pelo Gustavo. O segundo capítulo será escrito pela Menina Misteriosa, indicada por ele para contribuir com essa saga. Ficamos no aguardo.)

Capítulo I

A balada das minhas origens

Minha certidão de nascimento foi maculada pela expressão Pai Desconhecido. Hoje em dia pode não parecer grande coisa, mas naquela época era o que precisava para meio mundo me chamar pelas costas de "filho de uma prenda desmiolada". Quantas e quantas vezes acenei de cabeça e concordei calado quando em roda de conversa algum interlocutor benevolente, sem saber minha condição, dizia "Mas pra quê colocar isso na certidão? Vai condenar o coitado a vida toda. Invente um nome qualquer, João da Silva que seja".

Minha cidade de nascimento é Quaraí, está ali na certidão. Fica perto de Santana do Livramento e da tríplice fronteira. Cidade de índio-velho, como minha boa mãe costumava dizer quando eu perguntava das origens. A propósito, minha mãe tinha lindos olhos azuis ofuscantes. E foi a força persuasiva desses olhos que nos libertou de viver praticamente enclausurados na casa de meus avós. Não tenho lembrança deles, pois antes que eu completasse três anos minha mãe aproveitou a passagem de um viajante abastado e conseguiu condução e teto para nós dois no Estado do Paraná. Saímos fugidos da casa de meus avós, e como minha mãe era temporã, nem por foto os conheci.

Quaraí é uma palavra linda, de origem Tupi-guarani e significa: "rio das garças", o que aprendi depois de pesquisar muito na escola do bairro São Francisco, em Curitiba, onde o viajante nos instalou e onde vivemos por muitos anos. O clima é parecido com o da minha terra natal, frio cortante, mas desde os anos 60 é uma cidade grande, o que fez a vida de minha mãe dar uma guinada. E me isentou de muitos problemas na infância e adolescência, pois nada é pior do que ser conhecido como filho de uma mãe-que-ronca-e-fuça.

O São Francisco é o bairro mais antigo de Curitiba no que se pode chamar de paisagem urbana. Desde o início do século XX já era conhecido com esse nome, e desde que nos instalamos num sobrado gélido e de pé direito alto, minha mãe passou a frequentar a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas.

Desde cedo chamei o viajante de pai, e não é preciso muito discernimento para deduzir que o Sr. Cândido Schahin só passava em casa um final de semana a cada quinze dias, e que superada a adolescência eu já inferia que ele mantinha outra família. Outras talvez.

Minha mãe foi batizada Querência, tinha lindos olhos azuis, corpo de menina, muito tempo livre e duas características de personalidades que, juntas, compõem uma mistura explosiva: senso prático e egoísmo.

(um muito obrigado de toda a nossa equipe de relações com investidores ao Gustavo. À Menina Misteriosa, boa sorte).