Um grupo de crianças. Uma tábua, um prego passado com a ponta pra fora. Um prego grande. Pilha de tábuas, molhadas por causa da chuva. Um sapo sobre uma tábua. Um menino com a camisa do Vasco da Gama ri muito enquanto coloca o prego cuidadosamente apoiado nas costas do sapo, com cuidado para não perfurá-lo. Não ainda. Por curiosidade ou covardia, outro menino apenas observa assustado, arrumando os óculos. O menino com a camisa do Vasco corre, gritando, pula com força pra cima, e numa precisão absurda pousa os dois pés sobre a tábua com o prego sobre o sapo.
Todos riem, mas é possível que nem todos estejam achando graça. Um sapo foi pregado. Só depois disso foi esmagado. Numa fração de segundo, o sapo foi uma espécie de jesus, pregado numa cruz de malta. Todos gritam. O pai do vascaíno é vascaíno. Ele não diz “vasco”, ele diz “vashco”. “Torço pro vashco”.
O filho do vascaíno é vascaíno.
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