quarta-feira, 26 de maio de 2010

Primeiro Jogo Literário do Um Ponto e Outra Palavra

Com o intuito de ganhar milhões promover o intercâmbio literário entre os leitores do UPOP (pelas minhas contas, são seis, contando comigo) e entre outros blogueiros que também se arriscam a escrever uns troços por aí, é com grande pesar prazer que lanço o Primeiro Jogo Literário do UPOP.

Funciona assim: será escrito um romance (ui) de 40 capítulos. Eu escrevi o prólogo. Escolherei o blogueiro responsável para criar o primeiro capítulo. Deverá ser mantido o estilo (o que serve como exercício, aliás). O autor do primeiro capítulo terá uma semana para escrevê-lo e escolher o blogueiro responsável pelo segundo, e assim por diante. Assim que cada um terminar de escrever sua parte, deverá enviar o texto todo para o próximo (que deverá ser anteriormente consultado sobre o interesse em participar) e também me mandar uma cópia, para que eu publique aqui. A publicação em seus próprios blogs fica a critério de cada autor. Assim que o 40º e último capítulo for escrito, deverá retornar, porque voilà, vou fazer o epílogo.

Pelas minhas contas, até o fim do livro serão dez meses. Se todos colaborarem, a cada semana teremos um novo e emocionante capítulo. Por isso peço que quem receber a encomenda cuide dela com carinho e não foda tudo.

Ainda não há um título. Não há um tamanho para cada capítulo. Não precisa ser gigante nem minúsculo, mas pode ser qualquer um dos dois. Espero que todos se divirtam.

Eu já escolhi o camarada que dará o pontapé inicial. É o Gustavo Martins, dono do blog MiniContos Perversos & Outras Licenciosidades, e o prólogo é o seguinte:


PRÓLOGO

Rubem

Se um dia suceder casares, queira bem tua escolhida. Toma cuidado, todavia, com os vapores da adolescência. É bom que não te engates nessa fase, ainda que te pareças conveniente, por amor ou por qualquer outra palavra semelhante. Só entenderás isso quando for o momento. Aproveita teus furores no estudo. Toma calma nas contendas, sê aquele que põe termo a tais eventos. Cautela em negócios é sempre pouca.

E presta atenção no melhor conselho que posso te dar. Quando casado, sê firme e irrepreensível. E toma cuidado especial com olhos claros de francesas. Bem sabes que nunca fui dado a religiões, mas existindo o demônio, eis que o vejo nessa forma. Aqueles, Rubem, são os olhos que te porão no inferno, enquanto tu ris e pensa estar no paraíso. Esses olhos te levarão e te deixarão no porão do inferno.

Ouve a história de teu pai.

Boa sorte, Gustavo.

domingo, 23 de maio de 2010

Pedidos Estranhos

Uma das coisas mais divertidas relativas ao trabalho de músico é fazer gravações. Neste fim de semana, meu parceiro musical Rafael e eu começamos a gravação da música Poker Face, de Lady GaGa.
Por enquanto, só os violões estão gravados e certinhos. Com as vozes eu fiz uma bela cagada na hora de processar o som e por isso perdi os arquivos. Assim que tudo estiver prontinho e mixado eu coloco para download aqui e no blog da dupla, que montaremos em breve.
Por enquanto, só duas fotxeenhas que tiramos durante o trampo:

Esse sou eu. Repare o olhar de concentração.


Esse é o Rafa. Parece que ele está tomando bronca, mas não é verdade.


Enfim. A questão disso é que a gente se esforça, se esforça, e quando vai no bar pra tocar e finalmente mostrar o resultado do esforço, sempre dizemos algo como "quem quiser pedir música fique à vontade, será uma honra blablabla", e a galera pede cada coisa... Não que tocar Lady GaGa seja assim o cúmulo da cultura e tal, mas nem é disso que estou falando, e sim da grafia do povo... Olha os bilhetes que a gente recebe como pedido de música:


Sim, sim, a música é ótima. A banda também, divertidíssima. Mas o nome é Hanói Hanói. E um erro desse vindo de uma pessoa poliglota! O horror, o horror. Engraçado esse "please", também... Claro que pode ser apenas um "por favor" educado, mas parece mais uma súplica... e se eu não sei tocar uma música ou sei tocar mas não sei a letra, dificilmente um "please" me fará lembrar ou aprender repentinamente...


Outro interessante:


Meu poder de inferência diz que o camarada queria ouvir "I Want To Break Free", do Queen. Uma Queen só, não "queens". Mas estamos num mundo moderno, em que 140 caracteres, por exemplo, podem expressar os mais profundos sentimentos de alguém... é bom economizar.  Mas lendo rápido não parece que existe um movimento de libertação das rainhas e que o sujeito estava querendo me dar algum sinal de que meu fim estava próximo porque sou um opressor de Elizabeths mundo afora?


Este post inaugura a seção "Pedidos Estranhos": cada noite tocando um novo pra você.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Novos Blogs Adicionados

A partir de hoje, sempre que eu adicionar algum blog a minha lista de links, deixarei um porquê para isso. Só não me pergunte o porquê disso. Vale o merchand.


Everybody, macacada, cliquem ali que vale a pena.


MiniContos Perversos & Outras Licenciosidades:


Blog do Gustavão. Esse é perverso até no nome. O Gustavo é um roqueiro tarado que só pensa em sexo. Músico e escritor, o cara ganha dinheiro com seus pensamentos safados e com o rock também, embora tenha um trabalho de gente honesta e de bem em horário comercial. Acesse e compre o livro - ele é foda (até porque não caberia um adjetivo que não fosse um palavrão pra ele).


Letras Num Canto


O escritor araucariense Daniel Zanella e seus devaneios literários. Embora o título do blog seja uma cópia descarada do Recanto das Letras, os textos do Zanella são bons, muito bons. Evite deixar seu e-mail nos comentários, já aviso de antemão. Sério.


Banal-Blog


Marcos David (e banda), músico e desocupado nas horas vagas, cheio de tempo pra navegarm pelos blogs que bombam, faz uma coletânea de jogos, links e textos. Até aí seria um blog comum, mas Marcos David (e banda) é perspicaz em suas escolhas. Sempre um conteúdo interessante.


Além do que a vista alcança


Ninguém que eu conheça chama ele de Dédio, mas como ele se apresenta assim e só deixa um olho na foto do perfil, vou entender que ele quer manter um certo anonimato. Pois bem: Dédio tem uma visão ácida mas consegue manter o tom ao opinar sobre o mundo, em português sempre perfeitinho. Viajante nato, conhece muito sobre muita coisa, mas não complica - ponto pra ele e pros seus leitores.


Hoje são só esses quatro. Em breve, mais alguns - ultrasselecionados por toda a equipe de marketing empresarial do Um Ponto e Outra Palavra.

A Sétima Arte

Pros desavisados que pensam que minha carreira acaba depois das crônicas e dos desenhos, eis que vos impressiono com mais um trabalho, agora na sétima arte. Um curtametragem lazarento de bom, com um elenco fodástico, o qual tive o prazer e a honra de dirigir


Rá, pobres mortais. Babem. Eu também sou diretor wannabe.


Chama-se "Ao meio-dia encarnarei sua barraca".


Ao Meio-dia Encarnarei Sua Barraca


Jure que não está impressionado.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Da Arte de Manter um Blog

(um aviso rápido aos até agora desavisados)

Só uma coisinha: eu não faço a mínima ideia de quem seja a Bibi do Sopão Jurema. Se você entrou aqui procurando por isso no Google, já aviso: Não rola. 

Mas confesso que também fico me perguntando o porquê de aquela menina ser a garota propaganda. Se alguém souber, volte pra cá e me conte.

Obrigado.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Será um pássaro?

Modéstia à parte, tenho mais uma habilidade, além dessa coisa cronística que há em mim. Confira:

Agora diga se conseguiu perceber qual é a habilidade.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Vida de Músico

(pequenos diálogo reais - juro)

I.

- Vamos montar uma banda cover do U2?
- Opaaaaaa ótima ideia!!!
- A gente poderia começar tocando o 1980-1990.
- Boa, boa! Tô dentro!
- Você é The Edge e eu sou o Bono.
- Não, o Bono sou eu.
- Capaz, eu até pareço com ele...
- Mas eu canto melhor.
- Canta nada, de onde você tirou isso?
- Claro que canto.
- Canta bosta nenhuma.
- Você que não entende nada.
- Banda é o caralho, então.

II.

- Como assim, não vai pagar?
- Não vou pagar: assim.
- Mas você não pode fazer isso.
- Não vou pagar.
- Então porque você contratou a gente?
- Eu não contratei ninguém: foi meu sócio.
- Mas ambos respondem pela casa.
- Não vou pagar e pronto.
- Mas por quê?
- Gosto de sertaneja.
- Mas o público curtiu!
- Eles gostam de sertaneja.

III.

- Vocês tocam Vítor e Léo?
- Hmmm nããoo...
- Bruno e Marrone?
- Também não...
- O que vocês tocam?
- A gente faz um som mais clássico...
- Ah, bacana. Legal. Tipo Chitãozinho e Xororó?
- Não exatamente. Clássicos do rock.
- Rock...
- É...
- Pauleira?
- Não... Beatles, U2, Rolling Stones...
- Ahm... quanto é o couvert?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tina e Jair

(crônica nova mas de ação antiga)

“Jair. Vou embora porque não aguento mais você só me bate e fica dando chingos. Eu te amo. Tina.”

Depois de tantos anos, não consegui esquecer o recado que Tina deixou para Jair quando o deixou. As melhores poesias são as frases escritas e ditas sem intenção poética. Isso foi escrito na capa de um disco do Nazareth. Meu amigo emprestou o disco de outro amigo que ganhou de outro amigo... De amigo em amigo, acabei tendo o disco em mãos. Não sou perito mas arrisco dizer que a escrita tinha pelo menos uns dez anos.

Tina amava Jair. Tina já tinha tentado falar com Jair sobre as agressões. Tina pediu conselhos a sua mãe, à melhor amiga e a colegas de trabalho. Ela não queria de verdade ouvir a resposta, mas o veredicto de todos foi o mesmo: Jair era incorrigível. E também disseram a Tina que “mulher apanha uma vez porque o marido quer, mas na segunda é porque a mulher gosta”.

Tina ainda resistiu mais algumas vezes. Se fossem só os tapas talvez ela ficasse. Mas ela preparava doces para Jair. E Jair chegava bêbado e batia nela. Mas Jair fazia pior. Jair dava “chingos” nela. Isso, sim, era inaceitável.

Então Tina, com toda a dor que sentia, humilhada por Jair — e ainda assim amando Jair — tomou a decisão. Iria mesmo embora. Não brigaria pela casa, não havia filhos. Voltaria para a casa de sua mãe, que a criou sem pai. Mas Tina não era mulher de ir embora sem deixar claro o motivo.

Tina olhava os discos e lembrava de tudo o que havia passado com Jair. Na primeira vez que se encontraram, na discoteca, e foram apresentados por uma amiga em comum (que depois Tina descobriu ser ex-namorada dele). E Tina lembrou que tocava “Love Hurts” no momento em que dançaram.

Com um ano de namoro, Tina comprou o disco duplo do Nazareth para presentear Jair. Dançaram juntos inúmeras vezes e Tina às vezes chorava quando lembrava de como no início tudo era bom.

Lentamente ela procurou uma caneta. Demorou a encontrar, mas havia uma Bic azul no fundo de uma gaveta que há muito tempo estava fechada. Meio enrolada em um terço de madrepérola. Teve que riscar várias vezes o canto da capa para que a caneta soltasse tinta. E funcionou.

Então Tina foi direta. Não queria subentendidos. Não queria que Jair ousasse fingir que não sabia do que ela falava. Com todas as palavras, mas só as necessárias: “Jair. Vou embora porque não aguento mais você só me bate e fica dando chingos”. Jair saberia do que ela estava falando.

Mas faltava alguma coisa. Jair era dissimulado. Ia sair dizendo pra todo mundo que Tina tinha ido embora porque “arranjou outro macho”. Que ele sempre soube e estava certo quando gritava duvidando da fidelidade de Tina.

Então Tina aplicou o golpe final: “Eu te amo”.

Tudo o que qualquer pessoa poderia dizer em situação semelhante foi dito por Tina. Tina foi sábia como poucos. Tina amava Jair. Mas amava mais a si mesma.

Love hurts, Love scars, Love wounds' and mars
Any heart not tough or strong enough
To take a lot of pain, take a lot of pain
Love is like a cloud, it holds a lot of rain
Love hurts

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Frases Ouvidas

(frases ouvidas em esquinas ou inventadas por mim - as ruins são as ouvidas)

De um anúncio: Medley é minha marca favorita de medicamento genérico.

Charles Darwin andou espalhando por aí umas mentiras sobre evolução. Conversa pra boi dormir: assista a Revista RPC e veja as piadas de Diogo Portugal. Evolução é o cacete.

“Sopão Jurema: a Bibi gosta!”. Está na hora de acabar com o diploma para ser publicitário.

Se Jesus era antipreconceito, por que foi que ele curou surdos e cegos? Cadê a acessibilidade do cara?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Pombas

(conto que minha professora chamou de irritante no mau sentido. não ligo, era uma professora má - no bom sentido.)

O aposentado está sentado no banco de uma praça. Distribui grãos de tom levemente alaranjado às pombas. Uma brisa lhe bagunça o cabelo branco e escasso: ele levanta a cabeça. Identifica um grupo de pessoas que caminha em sua direção. Pensa que talvez estejam indo ao teatro que se pode divisar às suas costas. Mas o grupo olha para ele, e as pessoas parecem sorrir. Estudantes, talvez. Na sua visão já danificada parece perceber uma criança no grupo. A criança veste uma roupa clara, como quase todos ao seu redor. Não são estudantes, o grupo tem pessoas de várias idades. Poderia ser uma família, mas também os tipos são diversos demais, e de fato olham para ele, e sorriem. O aposentado vê quando um deles aproxima-se mais que os outros, mais rápido. Parece ser um advogado, pelo jeito de andar. Os dois sorriem. O advogado agacha-se diante do aposentado. O restante do grupo aproxima-se. A criança tem um sorriso curioso e excitado. O advogado olha fixamente nos olhos do aposentado - está na hora - e desfere-lhe violentamente o primeiro golpe, de punho fechado, na maçã esquerda do rosto.

O gesto parece ser um sinal de largada, o restante do grupo corre na direção do velho, vários golpes na cabeça e tórax. A criança continua sorrindo, mesmo quando uma mulher de meia-idade usa um pesado pedaço de madeira para dar fim à agressão. Uma derradeira pancada seca, os olhos do aposentado sangram, e ele é agora apenas um corpo. O advogado arrasta o velho para longe do banco. Volta rindo e coloca no lugar do velho a criança, sorridente majestade.

Todos vão embora, exceto a criança, que pega do bolso um saquinho de grãos levemente alaranjados e começa a distribuir às pombas.